A antecipar a sua vinda ao nosso país no final deste mês, o Mestre Johnny De’ Carli fala, em entrevista ao Reiki em Portugal, sobre o seu mais recente livro – “Reiki Como Filosofia de Vida” — editado entre nós pela Dinalivro. Explica o processo intuitivo que seguiu para escrever toda a obra e ainda partilha com os nossos leitores qual o poema do Imperador Meiji que mais aprecia.
Já escreveu diversos livros sobre Reiki. Qual o lugar que esta nova obra ocupa no seu coração?
Sim, já são oito livros, todos sobre o Reiki. Estamos agora lançando o nosso sexto livro em Portugal, todos pela Dinalivro. Livros são como filhos, estão todos no coração do autor.
Como lhe surgiu a ideia de escrever um livro inteiramente dedicado aos poemas do Imperador Meiji?
O Imperador Meiji é citado nos únicos dois documentos oficiais do Reiki, na lápide de seu Memorial e na apostila utilizada pelo Sensei Mikao Usui, com o título de Reiki Ryoho Hikkei, que o Mestre entregava aos alunos quando lecionava. A última parte do manual contendo 125 poemas (Gyosei) do Imperador Meiji, escolhidos pelo Sensei Mikao Usui, foi a base para mais este trabalho. Até então, em nenhum país, esses poemas haviam sido analisados com profundidade.
Assume que este foi um livro “escrito através de dons metafísicos”. Como surgiu inicialmente o recurso à intuição para o escrever? Tratou-se de uma espécie de imposição natural ou foi intencional da sua parte?
Ganhei um livro de uma aluna, que narrava a biografia de meu ídolo Albert Einstein. Nesse livro, Einstein dizia que quando tinha uma dúvida sobre a Teoria da Relatividade se recolhia e ia fazer uma “siesta”. Ao despertar, a dúvida estava sanada. Isso me chamou a atenção. No início de 2008 fiz uma experiência com um dos poemas do Imperador Meiji, escrito em linguagem metafórica (Poema 69). Me recolhi para um cochilo, após o almoço, com essa intenção. Sonhei com o Imperador me explicando esse poema. Ao acordar tinha a chave que decifrava a mensagem implícita no poema 69.
Como decorreu o processo de escrita?
O poema 69 foi o pontapé inicial do livro. Durante quatro anos, sempre que podia fazia o mesmo. Lentamente, fui decifrando cada um dos 125 poemas oficiais do Reiki. Literalmente, o livro foi decifrado durante períodos de sono superficial, quando o cérebro está em frequência alfa (7,5 hz). Logo que despertava, antes de falar com Rita ou fazer qualquer outra atividade tinha que escrever, caso contrário a ideia se perdia como um sonho que se esquece rapidamente. Esse esquecimento aconteceu algumas vezes.
Pensa continuar a recorrer a este método para escrever obras futuras?
O método de decifrar através da “intuição” pode ser utilizado em muitas áreas distintas de nossa vida. Penso em escrever um livro intitulado “Reiki a Luz da Ciência”, abordando o Reiki a luz da Física Quântica. Provavelmente, farei uso dessa mesma metodologia. Albert Einstein certa vez disse: “Não existe nenhum caminho lógico para o descobrimento das leis elementares. O único caminho é o da intuição.”
Como está a ser a reação ao livro no Brasil e em Espanha?
O público reikiano é diferente. Em ambos os países estão aceitando muito bem esse novo livro, recebendo-o com muita alegria. Apesar de o Reiki não estar vinculado a nenhuma seita ou religião, em geral, há reikianos místicos, esotéricos e espiritualistas, todos reagiram com naturalidade.
As fotos que acompanham cada um dos poemas foram tiradas propositadamente para os poemas específicos?
Algumas sim, como a do ventilador (Poema 46); a da canoa (Poema 51); a do relógio (Poema 69); as das folhas do outono (Poema 04); a da vaca (Poema 105); a da lua (Poema 01); as das crianças (Poemas 16; 20; 36, 92; 94; etc.), e outras. Na nossa última viagem ao Japão, a terceira àquele país, em novembro de 2011, Rita fez quase 3 mil fotos. Algumas fotos foram selecionadas posteriormente, como a da gota de orvalho em que aparece um pequeno mosquito bebendo água (Poema 91).
De entre os 125 poemas consegue identificar aquele que mais o toca profundamente?
Gosto de vários, mas adoro o Poema 34 (Pássaros):
PÁSSAROS
“Os pássaros que voam livremente pelo grande céu, nunca se esquecem de sua casa e de lá regressar”.
Aqui, o Imperador Meiji, mais uma vez, se inspirou na natureza, no caso, nos ‘pássaros’, título do poema, conhecidos como tsurus.
No trecho ‘Os pássaros que voam livremente pelo grande céu’, o Imperador, metaforicamente, se refere às pessoas adultas e livres. Pássaros podem ser interpretados como metáfora da liberdade e aqueles que voam livremente pelo céu são pássaros mais velhos.
No trecho ‘nunca se esquecem de sua casa e de lá regressar’, o Imperador Meiji se refere a “fidelidade, a importância de, mesmo depois de crescidos e formados, seguindo o nosso caminho, não nos esquecermos de nossas origens.” Nossas raízes são muito importantes. Diz o dito popular: “O bom filho a casa torna”.
O pássaro tsuru frequenta as lagoas ao norte da ilha de Hokkaido, é a ave-símbolo do Japão e, também, o símbolo do origami japonês, bastante popular nos casamentos e festas. O tsuru (Grus japonensis), que alguns chamam grou, outros cegonha, ave pernalta migratória que, de acordo com uma lenda, vive mil anos, é uma ave sagrada, considerada, no Japão, a ave mais antiga do planeta. Tradicionalmente, essa ave está relacionada à longevidade. Para os japoneses, o tsuru, entre outras coisas, simboliza também a fidelidade, pelo fato de se manter fiel ao companheiro ou companheira por toda a vida. Os orientais acreditam que, a exemplo do tsuru, alguns animais são verdadeiros “anjos disfarçados”, mandados a terra por Deus para mostrar ao ser humano o que é a fidelidade.
A mensagem implícita no poema é que, depois de adultos, para qualquer lugar que formos, por melhor que seja, por mais que demoremos lá, jamais devemos nos esquecer de visitar periodicamente as nossas origens.
O Mestre Mikao Usui seguramente selecionou esse poema pela importância de se viver em gratidão (Kansha shite), um dos cinco Princípios do Reiki. Tenhamos sempre gratidão ao nosso país, à nossa cidade natal, às nossas escolas e aos mestres e, principalmente, aos pais, seres a que seremos eternos devedores, pois fazem parte de nós. Se esquecermos de nossas raízes esqueceremos quem somos. Devemos visitar as nossas origens com frequência; o mato cresce depressa em caminhos pouco percorridos.
O Mestre Dalai Lama disse: “Dê a quem você ama: asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar”.
Quer acrescentar qualquer outra informação sobre este novo livro?
Sim, o motivo de o Sensei Usui ter escolhido 125 poemas num universo de 100 mil. O porquê desse número? Explico isso no Capítulo 5 – Considerações Finais. Todo Mestre de Reiki ou reikiano ativo deveria ler esse capítulo.
[box type=”info”] Palestra de Johnny De’ Carli em LisboaNo dia 25 de Outubro, em Lisboa, o Mestre Johnny De’ Carli dará uma palestra sobre o tema «Reiki como Filosofia de Vida». Na mesma ocasião, será apresentado ao público português o livro com o mesmo título.
http://www.associacaoportuguesadereiki.com/reiki/reiki-em-portugal/2012/10/03/palestra-reiki-como-filosofia-de-vida/
Johnny De’ Carli no 3.º Congresso Nacional de Reiki
O Mestre Johnny De’ Carli marcará também presença no 3.º Congresso Nacional de Reiki, dia 27 de Outubro, em Guimarães. No encontro falará sobre a sua mais recente obra. Mais informação sobre o Congresso aqui:
http://www.associacaoportuguesadereiki.com/congressonacionaldereiki/[/box]
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