Núcleos Regionais

Cantinho da Leitura Novembro – Núcleo do Porto

RECONHECER A HUMANIDADE PARTILHADA
Somos capazes de perdoar porque conseguimos reconhecer a nossa humanidade partilhada. Somos capazes de reconhecer que todos somos seres humanos frágeis vulneráveis e imperfeitos, capazes da maior crueldade e falta de consideração. Também reconhecemos que ninguém nasce mau e que somos todos mais do  que a pior coisa que alguma vez tenhamos feito nas nossas vidas.
Uma vida humana é uma mistura de bondade, beleza, crueldade, mágoa, indiferença, amor e tantas outras coisas. O nosso desejo é separar o bem do mal, os santos dos pecadores, mas esta tarefa é inglória.
Todos partilhamos as características fundamentais da nossa natureza humana e, portanto,umas vezes somos generosos, enquanto outras vezes somos egoístas. Se umas vezes somos ponderados,outras vezes somos irreflectidos, e, numas ocasiões podemos ser delicados, enquanto noutras somos cruéis.Isto não é uma crença é um facto.
Se olharmos para a mágoa, seja ela qual for, conseguiremos ver um contexto ainda maior no qual ela se manifestou.Se olharmos para qualquer autor de um ato nocivo, seja ele quem for, conseguiremos descobrir uma história que nos diz algo sobre o que o levou a praticar o mal. Isso  não justifica os seus actos; faculta-nos um contexto.
Descobrimos a nossa humanidade partilhada ao vermos aquilo que nos une, em vez de vermos o que nos separa.
Nunca é demais repetir, já que é tão fácil esquecermo-nos: ninguém nasce cheio de ódio. Ninguém nasce cheio de violência. Ninguém nasce rodeado de menos galáxias, nem de menos bondade do que você e eu.
No entanto certo dia, numa qualquer situação, durante uma determinada experiência dolorosa da vida, essa glória e essa bondade podem ser esquecidas, ofuscadas ou até perder-se.
Podemos facilmente ser magoados e discriminados, e é bom que nos lembremos de que podemos com toda a facilidade tornar-nos aqueles que magoaram e descriminaram.
Somos todos membros da mesma família. Isto não é uma simples metáfora, mas uma afirmação literal sobre um facto.
… Quando me sinto particularmente ofendido, lesado ou irritado, faz-me bem se me lembrar que todos partilhamos a mesma humanidade.
O Livro do PERDÃO
DESMOND TUTU
e MPHO TUTUT