Núcleos Regionais

Cantinho de Leitura Março – Núcleo do Porto

Não somos iguais… e isso é bom!

Distinguir-me dos outros faz parte da minha essência. Umas vezes serei melhor, outras pior.

Cada pessoa é única. Pode haver semelhanças nas aparências, mas a essência de cada um de nós é singular.
Somos autênticos, mais ainda quando criamos e damos ao mundo novos mundos. Quando arriscamos ser quem podemos ser, à luz dos nossos talentos, desprezando as modas e as influências dos que se esforçam por ser cada vez mais iguais uns aos outros.
Ser único não significa estar fora do mundo e longe dos demais. Implica enriquecer os outros, fazendo parte de obras maiores do que nós, onde encaixam muitos e se valorizam entre si através da construção conjunta de harmonias maiores.
Uma família não é uma estrutura onde a repetição de íntimos seja desejável. Ser família é fomentar a realização plena de cada um, de acordo consigo mesmo, mais do que com qualquer desígnio exterior, por mais nobre que possa ser. O que importa é escolher bem um caminho, construí-lo e percorrê-lo. Com a ajuda de outros e ajudando outros. Mas um caminho novo. Único. Ímpar.
Não somos muito diferentes à partida. E a diferença não decorre daquilo que nos foi dado… antes, sim, do que decidimos e fazemos com aquilo que somos e temos. Com o que nos foi dado, com aquilo que criámos e com o que conquistámos.
A verdade é que importa saber estar sozinho no meio da multidão, nunca deixando de pensar por si próprio. Até mesmo contra todos.
Ser diferente não é ser melhor, é ser diferente. Não é ter mais valor, é ser digno do seu valor. Não é ser um fragmento estranho, é ser, por si só, uma obra completa. Tudo isto, porém, não com orgulho, mas com a humildade própria de quem sabe que o seu valor depende mais de si mesmo do que de qualquer outra coisa.
Ser diferente é uma qualidade, um talento, um dom. O mundo hoje não gosta de quem foge às normas, à ditadura de um bom-senso que nos condena sem perdão, assim ousemos ser quem podemos ser de melhor.
Neste mundo em que vivemos, as excentricidades tendem a ser abolidas. Até porque a originalidade exige que a pensemos sem referências ou comparações e isso obriga a um trabalho maior e, pior ainda, expõe as fraquezas próprias dos que já desistiram de si e apostam em ser apenas mais um do exército cinzento.
Que liberdade é essa de querermos ser todos iguais?
Distinguir-me dos outros faz parte da minha essência. Umas vezes serei melhor, outras pior. Os sucessos e fracassos da minha vida são apenas meus, não são de mais ninguém. São parte da minha história. Razões para eu ser… eu.
A diferença pode ser assombrosa. Mas somos desiguais. Em tudo. E isso é bom! Tão bom!