Artigo de Opinião,  Sobre Reiki

Quando a espiritualidade faz mal à cabeça

Procurar o sentido de Ser e da vida além daquilo que é tangível e racionalizado é uma das definições da espiritualidade, assim como a ligação a algo transcendente ou a procura de uma vida em sintonia com a própria vida. A espiritualidade é então algo de muito privado, uma busca, uma vivência que se vai ancorar a várias ofertas existentes.

A espiritualidade – equilíbrio e auto ilusão

Como estamos habituados a apenas pensar, a algumas vezes sentir, a nem sempre saber conjugar o pensar com o sentir, a praticar religião mas não questionar espiritualidade, chega um momento em que podemos começar a colocar tudo em causa. Nesse momento, podemos ter uma reacção de ruptura, como se tudo o que fizemos na vida até ao momento estivesse errado. E aí começa a auto ilusão.
Outros procuram na sua espiritualidade uma desculpa. Essa desculpa serve para começar ou terminar relações, sem realmente conjugar o que se pensa e sente, é uma fuga para a frente. Outra desculpa é a largar o emprego, como se mais nada fizesse sentido e agora sim, num momento relâmpago tudo terá novas condições e tudo será diferente. Ainda outra desculpa é romper abruptamente com pessoas, como se elas não fizessem mais sentido.
Ao lermos estas palavras de forma objectiva e conhecendo muitos casos, perguntamo-nos, porque isto acontece?
Porque de facto existe uma grande vontade de Sermos, de realmente estarmos em conformidade com o que somos, de estarmos em sintonia com a vida. Como a nossa educação, vivência social não está a condizer com o nosso crescimento interior, ou espiritual, tudo parece ser uma ruptura e isso não é natural para nós, nem ninguém nos ensinou a saber lidar emocionalmente com isso. Então qual a grande lição?
Sempre que abordamos algo novo, desconhecido para nós, mas que nos faz todo o sentido, não é preciso mandarmo-nos de cabeça e muito principalmente, não devemos mesmo entregar o nosso julgamento e independência aos outros.
A espiritualidade faz tão parte de nós como a nossa capacidade de raciocinar ou de sentir, é algo de inato, a única diferença é que se torna pouco trabalhada conscientemente. Se nos entregarmos apenas à espiritualidade sem sabermos conjugá-la com tudo o que somos, com toda a nossa experiência acumulada, iremos ficar tolinhos, ou seja, nada mais fará sentido, parece que renascemos, mas não reconhecemos qualquer outra parte da nossa vida.

Como levar a espiritualidade com equilíbrio

Se sentes que estás num momento de (re)descoberta e que estás a encontrar novo sentido para a vida, então em primeiro lugar começa por encontrar contentamento. Tudo o que fizeste na vida, todas as tuas más experiências, assim como as boas, trouxeram-te a este momento. Ao encontrares contentamento estás a reconhecer que tudo foi importante e isso não te traz insatisfação por frustração de não teres lá chegado mais cedo.
Depois, entende o conceito de holístico, ou seja, tu és um todo. Um todo maravilhoso que precisa de viver como um todo, por isso não podes purgar todas as outras partes de ti e apenas viver com a “recém-descoberta” espiritualidade. Este conceito irá ajudar-te também a criar respeito, por ti, por todos, por todas as coisas.
E para finalizar, sê prático. A espiritualidade não te leva a lado algum se andares como uma barata tonta à procura de tudo sem saber o que, a experimentar de tudo, sem praticar nada. Ser prático significa escutares a tua direcção, colocares m dúvida, experimentares, colocares em prática e transbordares o que és, o que sabes e sentes, para os outros.
Este último ponto chama-se saber partilhar. A partilha é fundamental e natural. Significa que sabes dar mão do que tens pelo bem comum. Essa construção interior, que é um misto de sabedoria com compaixão leva à ética.
A ética na espiritualidade parece ser algo não muito fácil de alcançar, quando devia ser o mais natural e fácil de todos os aspectos. A incapacidade de agir com ética na espiritualidade apenas resulta do desequilíbrio. Ao contrário, se souberes levar o teu percurso e vivência com equilíbrio, ética e espiritualidade andarão de mãos dadas, pois tu és um todo (holístico), que vive de forma contente, prática e que sabe partilhar.
Finalmente, ao dares o teu passo na abertura para a espiritualidade, não precisas aparentar. Podes continuar com as tuas roupas, podes continuar a ir ao cinema e a comer o que antes comias, não precisas tentar criar um aspecto e muito menos não te faças o que não és. Tudo virá com o seu tempo e lembra-te que enquanto conseguires conviver com os outros, não só estarás a aprender com eles, mas também a partilhar a tua experiência. Não é fazendo-te diferente que parecerás melhor, é sendo aberto, comum e real que te fará viver mais plenamente.

A Associação Portuguesa de Reiki é uma Associação sem fins lucrativos para o apoio a praticantes de Reiki e esclarecimento sobre o Reiki em Portugal.