Lidar com o momento presente pela prática de meditação e filosofia de vida – um agradecimento a todos por nos ajudarem em tempo de pandemia
De Março a Maio de 2020, em Portugal, no mundo, todos tiveram que fazer um esforço para conter a pandemia do COVID-19. Uns recolhidos em casa, mas muitos continuaram no seu serviço – Médicos, Enfermeiros, Profissionais de Saúde, Distribuidores, Transportadores, Supermercados e tantos que fazem parte do nosso quotidiano para que todos pudéssemos ter o essencial para viver.
Agradecemos profundamente a todos, partilhando cinco dicas para lidar com o momento presente, que por vezes traz ansiedade e stress. Aqui fica a partilha, com enorme gratidão.
1 – Está no momento presente
A prática de Reiki começa com um conceito – só por hoje! Este conceito representa o momento presente, a atenção plena, ou seja, o estar no aqui e agora, concentrado.
Não é de todo fácil pois temos sempre muitas solicitações exteriores e também interiores.
Então, esta prática do “Só por hoje”, ajuda-nos a cumprir algo de muito interessante não só para nós, mas que também pode ser aplicado aos outros – “Agora, estou aqui para ti”. Estar no momento presente pode ser alcançado com práticas como o sentir o corpo, sentir este preciso momento:
- Senta-te confortavelmente;
- Coloca as mãos com as palmas em contacto com as pernas;
- Faz um pouco de pressão com os dedos e sente o contacto que estes fazem com o corpo. Depois, relaxa;
- Se quiseres, diz algo interiormente “Agora, estou aqui…”;
- Experimenta repetir algumas vezes estes movimentos de pressão e relaxamento;
- Podes também fazer o mesmo através da respiração;
- Ao inspirar, diz para ti mesmo, “Eu inspiro, eu sinto-me bem”;
- Ao expirar, diz para ti mesmo, “Eu expiro, relaxo e tranquilizo-me”;
- Usa as palavras que forem mais acertadas para ti e leva a tua atenção a cada movimento na inspiração e expiração.
Esta prática pode ser feita de pé, principalmente em situações onde a ansiedade se comece a manifestar. Podes assim trazer a tua atenção ao momento presente, onde estás bem, e não te transportares para um futuro que ainda não aconteceu.
2 – Cultiva momentos de mente vazia
Não ter nada em mente é impossível, então porque falamos em cultivar uma mente vazia?
A mente vazia é um estado de serenidade que alcançamos onde, na verdade, estamos em harmonia, no perfeito controlo dos nossos pensamentos e, acima de tudo – conscientes. Este controlo significa que somos nós que damos a indicação à mente para produzir ou reproduzir os pensamentos e não a mente que nos inunda com o seu trabalho.
Conquistar esta tomada de consciência é muito benéfico para a nossa saúde mental. Aqui está um exemplo de como o podes fazer. A prática constante irá ajudar-te a estares cada vez mais presente e cada vez com uma melhor gestão mental e emocional.
- Senta-te confortavelmente;
- Sente como está o teu corpo e relaxa alguma tenção que possas ter;
- Inspira e expira serenamente;
- Quando quiseres, leva a atenção até à mente;
- Imagina-a como uma sala;
- Como se encontra a tua sala da mente? Cheia? Vazia?
- Experimenta retirar tudo das paredes, do tecto e do chão;
- Quando quiseres, pinta as paredes de branco, o tecto de branco e o chão de branco;
- Como te sentes nesse espaço vazio?
Há quem não consiga visualizar uma sala, mas sim tudo escuro. Está também correto, sente se esse escuro está cheio ou vazio, ou seja, se tens a mente cheia ou vazia.
3 – Enraiza-te
O enraizamento é um conceito mental e representa a nossa ligação com a “Terra”. É como se conseguíssemos estar ancorados a este momento presente, enraizados, não deixando a nossa cabeça levantar voo com os seus pensamentos e emoções.
Podes fazer a prática de enraizamento da seguinte forma, mentalmente, estando sentado ou de pé (de preferência de pé):
- Fecha os olhos;
- Coloca as palmas das mãos viradas para o chão;
- Imagina que o teu corpo é como uma árvore;
- Dos teus pés, saem raizes para o chão, para a terra;
- Elas vão descendo cada vez mais fundo na terra, agarrando-se às pedras e descendo ainda mais fundo;
- Até chegarem ao centro da terra e o abraçarem, como se estivesses profundamente ancorado à terra;
- Quando quiseres, podes abrir os olhos;
- Como sentes o teu corpo? Pesado?
Esta prática por vezes traz-nos a sensação de pernas bem rijas, como se fossem postes firmes no chão e por vezes a cabeça fica à roda. Significa que como tens muitos pensamentos, a sua energia é mais intensa e faz agitar o “corpo”. Pratica muitas vezes, até conseguires fazer em qualquer situação, sem teres que fechar os olhos, ou colocar as mãos com as palmas viradas para o chão.
Claro que, se puderes fazer ao ar livre, poderás gostar muito de experimentar esta prática pois os resultados são muito interessantes.
4 – Aprecia a segurança do teu interior
Quando tudo parece desmoronar, ou quando o medo e receio surgem, ansiamos por um lugar seguro, queremos sair dali e esse desejo pode provocar-nos ainda mais ansiedade e desespero.
Há um pequeno truque, o regressarmos a nós próprios, ao nosso interior – este é o lugar de maior segurança na vida.
O nosso instinto leva-nos sempre a procurar lugares que nos tragam segurança – a casa, o trabalho, os lugares que gostamos, mas por vezes, a nossa irrequietude não nos permite aproveitar o que esse lugares nos poderiam dar. Isso acontece porque interiormente estamos agitados e, como tal, o exterior não nos conseguirá apaziguar.
Assim, a melhor forma de encontrarmos serenidade e segurança é realmente regressarmos ao nosso interior. Há muitas formas de o fazer e partilho contigo esta dica:
- Imagina que o interior do teu corpo é vazio, oco;
- Tenta sentir como ele está, ou seja, como te sentes dentro de ti mesmo;
- Agora, imagina que tens uma mangueira de alta pressão ou uma esponja mágica e vais limpar todo o teu interior, as paredes do teu corpo;
- Começa por limpara o interior da cabeça;
- Da garganta;
- Do tronco;
- Do braço esquerdo até à mão esquerda;
- Do braço direito até à mão direita;
- Limpa o abdómen;
- A bacia;
- Limpa a perna esquerda até ao pé esquerdo;
- Limpa a perna direita, até ao pé direito;
- Imagina que todo o teu interior está muito limpo e brilhante;
- Quando quiseres, pinta-o de uma cor que gostes, ou até mesmo várias cores;
- Sente agora como te sentes no teu interior…
5 – Transforma o negativo em positivo
No dia-a-dia, de forma melhor ou pior, geralmente conseguimos gerir as nossas emoções, mas se a pressão se torna constante, cedemos, quebramos, tornamo-nos incapazes de reagir construtivamente ou podemos mesmo não ser capazes até de reagir.
Todos nós produzimos pensamentos positivos e negativos, é natural e humano, no entanto, se os deixarmos enraizarem-se, então poderão fazer florescer hábitos negativos e prejudiciais para nós e para os outros.
A prática de Reiki, como o Mestre Usui indicava é para “a melhoria do corpo e da mente”. Desta forma, compreendemos que Reiki poderá ter alguns pilares interessantes para este “kaizen”, ou aprimoramento da nossa forma de estar na vida.
Então, propomos-te as seguintes práticas para a tua mudança interior que poderá auxiliar a uma melhor relação com o exterior.
Sem irritação, viver com calma
Há momentos na vida, principalmente quando ela está em risco, que compreendermos que tantas vezes nos irritamos por coisas sem valor algum. O peso que colocamos nas coisas é por vezes o peso que os outros colocam em nós.
Quando estamos calmos, parece que conseguimos compreender melhor onde colocar valor e peso no que fazemos, assim como aceitar ou não o peso que é colocado em nós.
Mas como viver com calma?
O Mestre Usui falava-nos de algo que parece simples – a união do eu. Esta “união do eu”, é na verdade a coerência entre o que pensamos, sentimos e a forma como agimos. Quantas vezes já sentiste que queres algo e tens que fazer o oposto? Esta incoerência em nós, quando não é bem resolvida, pode criar um distanciamento interior que nos afasta de nós próprios e gera uma profunda inquietude.
Assim, para viver com calma, precisamos encontrar esta coerência e este é o melhor conselho para te dar. Procura compreender de que forma podes conciliar os teus pensamentos com as tuas emoções e sentires-te genuinamente uno contigo mesmo. Observa as mudanças que isso traz à tua vida.
Sem medo, viver com confiança
Nem sempre é fácil confiar em nós e muitas vezes ainda pior confiar nos outros, mas é exatamente o contrário que se pretende.
Cada um de nós é único – tu és único. Como ser excepcional nasceste de uma probabilidade incrível. O Dr. Ali Binazir calculou que:
Equivale à probabilidade de dois milhões de pessoas se reunirem para jogar dados com dados que têm um trilhão de lados e cada uma delas tirar o mesmo número no dado na primeira vez, por exemplo, 550343279001.
Dr. Ali Binazir
Então, a nossa vida é realmente única e, como tal, vale a pena nos sabermos valorizar por isso. Ter confiança em nós próprios, não é sermos arrogantes, é termos entendimento claro. Um entendimento que nos diz que conseguimos e que se não conseguirmos, não há problema, poderemos pedir ajuda ou fazer da melhor forma possível.
Da mesma forma, compreendendo isto, percebemos que confiar nos outros é saber que eles também podem falhar e que fica do nosso lado realizar uma comunicação correta, sabendo também gerir a expectativa e o que se dá em troca.
Mais ainda, este ato de confiança pede-nos para confiar na vida. O Mestre Usui dizia “Confia no Universo que o Universo confia em ti”. Este é um grande ato de responsabilidade, pois fazer tal significa que escutamos a nossa vida
Sem desespero, conviver com gratidão
O desespero pode deixar-nos paralisados, sem conseguirmos olhar claramente para as situações, para os outros, para nós próprios. O desespero pode nublar-nos a mente e o coração. Então, como poderemos dissipá-lo?
Temos um terceiro princípio que se refere à gratidão. Conviver com gratidão e expandir para a vida, para as situações, para os outros e para nós, um entendimento das lições que cada ocasião nos traz.
Agradecer é também saber que não estamos sós na vida, mas que convivemos com o que acreditamos, com os valores que praticamos. Dissipa o teu desespero, convivendo com gratidão, compreendendo as lições que a vida traz.
Sem julgamento, viver honestamente
Quanto mais julgamos, mais a nossa mente fica cheia, muitas vezes até parece que rebenta. Começamos logo de manhã com a crítica ao trânsito, ao café, aos que nos cumprimentam e não cumprimentam, à roupa que os outros vestem, ao que fazem e principalmente ao que não fazem – é esgotante e quando a pressão aumenta, o esgotamento acentua-se.
O que precisamos fazer? Julgar menos.
Emitir julgamento é o contrário de encontrar contentamento. Quando somos honestos para connosco e para com os outros, desenvolvemos contentamento pela compreensão e assim o nosso julgamento diminui.
Uma forma de diminuires a tua pressão é aliviares o julgamento que fazes. Não estou a dizer que condenas os outros ou a ti mesmo, mas que por vezes a mente precisas serenar um pouco a sua classificação.
Sem inação, viver com bondade
Ficar parado é estagnar, quando paramos, o que não é bom tem espaço para desenvolver e crescer.
Quando vives com bondade, não há inação. Há momentos de paragem, de descanso necessário, mas tudo isso leva ao cultivo de algo ainda melhor e maior que depois poderás partilhar com os outros. Se te desgastares, fazes surgir a crise da compaixão e não é isso que se pretende.
Alcançar o equilíbrio entre ser bondoso para connosco e bondoso para com os outros, traz-nos um enorme crescimento enquanto seres humanos. A nossa ação torna-se bondosa, porque é acompanhada pelos nossos pensamentos bondosos e pelas nossas palavras bondosas. Agir, começa por nós próprios, a bondade cultiva-se em nós.
Estas cinco práticas são conhecidas por nós como os cinco princípios, algo que tentamos cultivar várias vezes por dia:
Só por hoje,
Sou calmo;
Confio;
Sou grato;
Trabalho honestamente;
Sou bondoso.
Sendo praticante de Reiki, poderás até utilizar a técnica de “Alcançar o Pensamento Positivo” (Nentatsu Ho), para reforçar esta tua reflexão.
Estas são cinco dicas que temos para partilhar contigo, com uma imensa gratidão por cuidarem de todos nós. Esperamos que te auxiliem e também ajudem a ajudar melhor os outros.
João Magalhães
A Associação Portuguesa de Reiki é uma Associação sem fins lucrativos para o apoio a praticantes de Reiki e esclarecimento sobre o Reiki em Portugal.