João Marques é terapeuta, Mestre de Reiki e também autor do recente livro Olá Eu Sou o Reiki, através do qual dá uma explicação a quem não é praticante de Reiki (e mesmo a quem é), sobre os conceitos de Reiki, da prática e do que é ser um praticante de Reiki. Aqui fica a entrevista ao autor.

O que te inspirou a escrever este livro e quais serão os seus leitores?

Como refiro no livro, o ter ouvido uma muito jovem Mestra de Reiki, jovem na experiência e na idade, queixar-se da dificuldade que tinha em explicar aos outros o que era o Reiki, terá sido o que despoletou a ideia de escrever um texto, que queria simples, que pensava enviar à Associação Portuguesa de Reiki Monte Kurama, que pudesse vir a servir de texto de divulgação e que fosse difundido a todos os reikianos associados.

Entretanto, fui-me apercebendo que havia muitíssimos reikianos (demasiados, na minha opinião) com dificuldade em explicar o Reiki a terceiros.

Não sei se esta dificuldade que me era referida era resultante da deficiente formação das pessoas ou, da sua incapacidade em comunicar. O que é certo é que ela era, e certamente ainda o será, bem real.

Já com o trabalho quase concluído e sentindo que o Reiki, essa energia e maravilhosa que o Universo colocou à nossa disposição é, muito frequentemente, mal aceite, desacreditado e não aproveitado pela maioria das pessoas, questionei-me quanto ao interesse em escrever algo mais completo que explicasse, ao público em geral, o que é o Reiki, pois o grosso, para não dizer a totalidade, dos livros sobre Reiki é para praticantes.

Sempre com a preocupação de não esvaziar o conteúdo de um curso de Nível I (risco que se poderia correr com um texto de divulgação mais completo) continuei a escrever e, ao fim de bastante tempo, pois houve várias paragens pelo caminho, o resultado foi o que conhecem, o “Olá Eu Sou o Reiki”.

Neste livro dou ênfase a um aspecto que considero de fundamental importância, mas relativamente ao qual a maioria das pessoas não tem sequer consciência e/ou conhecimento, e que é a omnipresença da Energia bem como à sua importância em tudo o que se passa.

Se as pessoas tiverem consciência de que no Universo apenas existe Energia, a qual é manipulável, transformável, etc…, terão maior facilidade em entender a importância de uma Terapia Energética, como é o caso do Reiki e, consequentemente, as vantagens de se ter o Corpo Energético mais equilibrado.

Não deixa de ser “curioso” que haja reikianos (e já li artigos sobre isso) que consideram o Reiki não como Energia mas sim como algo, que não definem muito bem, que ajuda o corpo a “recordar” e a recuperar a sua capacidade de Auto cura. Enfim, a formação nem sempre é a adequada ou a informação é transmitida de forma deficiente….

Começando por um simples texto, destinado a reikianos, acabei por escrever um livro que se dirige, fundamentalmente, a todos os não reikianos e que tem como objectivo base explicar o que é o Reiki, como funciona, que benefícios podemos colher com a sua prática e como podemos olhá-lo com o respeito que ele, na minha opinião, nos merece.

Pode também servir para ajudar os reikianos, que sintam dificuldade em explicar o que é o Reiki a terceiros, a preparar a sua própria apresentação.

 

Como é que o Reiki entrou para a tua vida e de que forma te inspira a continuar diariamente?

Curiosamente, o Reiki entrou para a minha vida de um modo perfeitamente acidental.

Numa dada altura em que, por questões profissionais, andava extremamente cansado e stressado, fui passar um fim de semana à minha casa na Beira-Alta e, como era usual quando lá ia, fui fazer uma sessão de shiatsu com um amigo que, por acaso, também era reikiano (Nível II).

Ao ver-me tão stressado perguntou-me se já tinha feito alguma sessão de Reiki e, perante a minha resposta negativa, perguntou-me se não queria experimentar.

Deu-me uma muito breve explicação e disse que o tratamento me iria ajudar.

Aceitei o desafio e fiz um tratamento. Confesso que, no final, dado não sentir qualquer diferença, me interroguei, isto é que é um tratamento de Reiki? O que é certo é que, cada vez que ia à minha casa na Beira, ia fazer outro tratamento porque sentia que o Reiki me estava ajudar a manter o equilíbrio e a continuar trabalhar com o ritmo, muito intenso, que, na altura, era necessário.

Quando me reformei, e querendo manter-me activo pois era impensável, depois de uma vida profissional bem “agitada”, ficar parado, uma das hipóteses que se colocou foi a de fazer formação em Reiki e partir para uma actividade profissional. Se teria muitos, ou poucos, clientes isso era secundário, o importante era aprender algo de novo, manter a cabeça a funcionar e também ajudar os outros.

Depois do Nível II do Usui Tibetano e do Nível II em Karuna Reiki, trabalhei, como voluntário, com toxicodependentes e alcoólicos e só depois do Nível III-B em Reiki Usui Tibetano é que iniciei, então, a minha actividade profissional e juntei-me aos voluntários da APRMK.

Talvez a primeira experiência que tive com o Reiki me tenha levado a considerar que, embora com o Nível II estejamos capacitados a fazer tratamentos a terceiros, só o deveríamos começar a fazer depois de ter, pelo menos, o Nível III-A.

O Reiki é um mundo, há quem considere que uma vida inteira não basta para nos apercebermos de todas as suas facetas e potencialidades e eu sou tentado a concordar com esta opinião pois há sempre coisas novas a aprender.

O Reiki é exigente, requer trabalho e dedicação e permite-nos uma aprendizagem contínua o que, para uma mente curiosa como a minha, é uma bênção. Não dedico todo o meu tempo ao Reiki pois também tenho outras actividades mas é um desafio e, então, quando nos cursos apanhamos alunos curiosos, é uma grande satisfação podermos responder e ajudá-los no seu caminho e, se nos faltar resposta, devemos ir à sua procura. Uma pergunta de um aluno deve ter sempre uma resposta do Mestre.

Como refiro no meu livro:

Ser Mestre de Reiki não é apenas ter frequentado o curso do Nível III-B (o que é indispensável) e estar apto a fazer sintonizações, iniciando outros na prática do Reiki.

Ser Mestre de Reiki não é apenas ter alunos e fazer iniciações, embora faça parte.

Ser Mestre de Reiki, é encetar um longo caminho de estudo e aprendizagem (feita também com os nossos clientes e alunos….), caminho por vezes árduo e que vamos desbravando ao longo do tempo à medida que o nosso conhecimento e, sobretudo, a nossa prática no dia-a-dia nos levam a ajudar, cada vez melhor, os que nos procuram.

Ser Mestre de Reiki é um trabalho de muita responsabilidade e em que é necessário um comportamento profissional pautado pelos mais elevados princípios éticos pois, muitas vezes, é pedido ao Mestre que transcenda um pouco a sua actividade profissional e funcione como guia ou conselheiro.

Ser Mestre de Reiki é também o estar numa senda espiritual de aperfeiçoamento, de crescimento, e de construção do seu Templo Interior.

Ser Mestre de Reiki, ajuda-nos a ascender na espiral do Espírito, ajuda-nos e guia-nos no caminho que todos temos de seguir para a reunião final com o Todo, que é de onde todos partimos.

 

Qual a experiência mais marcante da tua prática?

Há várias, mas aquela mais impactante talvez tenha sido o tratamento de uma pessoa com cancro nas cordas vocais (provocados por hábitos de consumo de bebidas brancas e tabagismo) e a redução do tumor a ponto do paciente não ter necessitado da uma intervenção profunda, que estava planeada, e ter visto o problema resolvido com laser. Felizmente, e apesar de ter continuado a fazer algumas asneiras depois, ainda hoje está vivo.

Uma outra, terá sido o descobrir que, para algumas situações, se podem fazer tratamentos à distância, sem recurso ao HSZSN, utilizando o desenho de pequenos bonecos como suporte.

Foi uma técnica que surgiu no seguimento de um pedido, de uma amiga, para estabelecer um programa de tratamento para um familiar.

Como uso vários tipos de Cristais em alguns dos tratamentos que faço (eu sei, o Reiki não precisa de cristais mas, na minha opinião, fazem um casamento perfeito), comecei por desenhar os bonecos com a localização dos cristais que pretendia utilizar e, posteriormente, estabeleci a sequência de tratamento bem como os tempos de aplicação da Energia em cada posição base e/ou de reforço.

No dia seguinte mostrei-lhe o que tinha estruturado para que ela, também reikiana e muito sensitiva, pudesse avaliar e/ou sugerir alterações.

Posteriormente, recebi dessa amiga, a informação de que o tratamento ao familiar tinha sido, entretanto, efectuado pois, enquanto eu estruturava o plano de tratamento, os Guias e os Mestres tinham, no plano etérico, efectuado o mesmo.

Curiosamente o plano de tratamento foi efectuado a 14 de Agosto, véspera da data de nascimento de Mikao Usui.

Utilizo a técnica com bastante frequência pois permite-me, em poucos minutos, prestar auxílio a quem me pede e dele necessita. Também dá para utilizar, respeitando a Lei do Livre Arbítrio, quando não temos um pedido directo mas sim de um terceiro ou quando sentimos que uma dada pessoa pode estar a precisar de ajuda.

A Técnica que utilizo foi, entretanto, publicada na Reiki Rays, publicação “online” em língua inglesa e para quem já escrevi mais de uma vintena de artigos, o que poderá ter contribuído para ter sido convidado a participar, com uma intervenção sobre o envio de Reiki à distância, no Reiki Winter Summit 2018 que teve lugar de 22 a 26 de Janeiro 2018, participação essa que teve a forma de entrevista.

 

Qual o capítulo, no livro, que foi mais desafiante para ti?

Talvez o das perguntas e respostas, pois seria de esperar que alguns dos potenciais leitores, ao folhearem o livro, por ele começassem e convinha que ele não fosse nem demasiadamente longo, nem demasiadamente curto, que estivesse devidamente estruturado e encadeado e respondesse a algumas (ou mesmo muitas) das preocupações daqueles que tivessem pouco conhecimento, ou mesmo desconfiança, acerca do Reiki.

Muito ficou por “perguntar” neste capítulo mas creio que algumas das questões fundamentais terão sido abordadas.

Por outro lado a estrutura do livro e o consequente encadeamento dos assuntos também deu o seu trabalho….

O meu sonho para o Reiki

O meu sonho para o Reiki é que ele adquira o estatuto e respeito que merece e que seja, cada vez mais, incorporado numa prática clínica trabalhando com os médicos de mão dada.

O Reiki não é um inimigo da medicina convencional mas sim um seu aliado e não tenho dúvidas de que uma articulação entre uma Terapia Energética, como é o caso do Reiki,  e a Medicina Convencional, traria enormes benefícios para os pacientes. De entre outros, refiro alguns já mencionados no meu livro:

  • Tempos de recuperação mais rápidos
  • Menores períodos de internamento;
  • Efeitos negativos dos medicamentos reduzidos;
  • Eficácia do tratamento acrescida;
  • Menor consumo de medicação.
  • …..

São inúmeros os exemplos de benefícios do Reiki, nas mais variadas situações, algumas mesmo confirmadas em meio hospitalar, como é o caso da Oncologia, e o desprezar a importância da energia no nosso dia a dia e, por consequência, a importância do nosso equilíbrio energético ou melhor, a importância do equilíbrio do nosso Corpo Energético, não me parece que seja razoável.

Há, ainda, um longo caminho a percorrer que passa pela qualidade, competência e honestidade dos praticantes de Reiki pois, infelizmente, nem todos contribuem para a credibilidade desta Terapia.

Talvez o futuro passe pela criação de uma Ordem dos Terapeutas de Reiki e pela Certificação. O caminho para lá chegar não será fácil pois muitos, por razões de ego (esquecendo a analogia, que é feita entre o reikiano e o Bambu), a isso se oporão.

 

Como achas que um praticante de Reiki bem informado pode influenciar boas prática da terapia, boa aprendizagem e ainda boa vivência na sociedade?

Um aspecto, para mim fundamental, é que o praticante de Reiki não se considere uma vedeta, por muitos bons resultados que obtenha e por muito que saiba. Deve ter plena consciência de que é apenas um canal, a ferramenta de que os Guias e Mestres se servem no Plano Terreno e nada mais do que isso.

Tendo em conta que o Reiki é uma arte, nem tudo é taxativo, há várias formas de se chegar ao mesmo resultado – o bem estar e equilíbrio do paciente e, se possível a sua cura. Se o  Terapeuta estiver bem informado, poderá aquilatar das vantagens de uma técnica em relação a outra ou, mesmo, desenvolver a sua própria técnica. Não há problema quanto a isso desde que seja honesto na forma de o fazer.

Quanto à vertente ensino há vários aspectos a ter em consideração, nomeadamente o que é que é fundamental ensinar, desde o início, e a forma como o vamos fazer.

Já me deparei com Mestres que nem sabiam o que era o Byosen, outros que desconheciam quais as técnicas de protecção e outros ainda que não tratavam terceiros porque ficavam exauridos depois do tratamento ou que suavam durante o mesmo.

Infelizmente os exemplos supra mostram bem o panorama que impera na formação e que há inúmeros pseudo cursos que nada ensinam. Há aspectos básicos que não podem, de forma nenhuma, ser descurados.

Há muita teoria a ser transmitida e a prática é essencial e convenhamos que, p/ex., em 4 horas de curso pouco se ensina. Não há oportunidade de o Mestre passar informação essencial bem como a sua experiência com os seus clientes, e é por isso que acho que nunca se deve escolher um Mestre que não tenha a vertente prática.

O Reiki não é só teoria e esquemas de tratamento, vai mais longe do que isso e se um Mestre estiver bem informado e consciente da importância do que está a fazer, estará a fazer um bom trabalho, caso contrário, não está a ser bom para ele nem para os alunos.

Um reikiano é, à partida, um elemento “estabilizador” na sociedade pois terá (ou deverá ter) sempre como princípio orientador os Gokai e um deles diz “Serei bondoso para com todos os outros seres vivos”.

 

 


 

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