Ser voluntária no Centro de Dia da Cruz Vermelha de Caselas
Ser voluntária no Centro de Dia da Cruz Vermelha de Caselas

Ser voluntária no Centro de Dia da Cruz Vermelha de Caselas

Isabel Antunes é Mestre de Reiki e voluntária na Associação Portuguesa de Reiki já há 4 anos, realizando um bonito trabalho de compaixão na Cruz Vermelha de Caselas. Aqui fica o relato das suas experiências, de coração.

Testemunho de 4 anos de voluntariado

Em Novembro de 2013, iniciei o meu voluntariado nesta instituição. Já lá vão 4 anos e não consigo tomar a decisão de interromper. De cada vez que penso fazê-lo, lembro-me daqueles que todas as semanas me esperam e para quem aqueles trinta minutos de Reiki são importantes. Porquê? Não sei, mas sei que me esperam e sentem a minha falta quando vou de férias.
Há quem tivesse querido experimentar e desistisse. A esperança de que o Reiki desse movimento a um braço tolhido por uma trombose era grande, mas como tal não sucedeu, o interesse desapareceu.
Mas o senhor M. nunca deixou de vir. Algumas vezes era o único, mas assim que me via, de imediato se levantava para se dirigir ao espaço onde a sessão ia decorrer. Outros até tinham ciúmes de que ele fosse sempre o primeiro. Um dia, o senhor M deixou de aparecer, esteve muito tempo hospitalizado, mas quando voltou, acompanhado de um aparelho de oxigénio quis voltar a receber Reiki. As funcionárias da instituição não queriam, tinham medo de que alguma coisa lhe acontecesse, mas ele queria tanto que foi preciso a mulher do senhor M. escrever um papel a responsabilizar-se para ele poder voltar às sessões de Reiki. Até que um dia ele me disse que já não conseguia deslocar-se e passado algum tempo partiu. O senhor M. tinha mais de 90 anos e para ele o Reiki significava muito. Deitava-se na marquesa e assim que começava a receber Reiki adormecia. Para ele aquele tempo era mais importante do que qualquer filme ou qualquer sessão de animação que estivesse a decorrer no Centro de Dia.
Conhecer o senhor M, fazer-lhe sessões de Reiki foi importante para mim. Ele foi a primeira pessoa como voluntária a quem fiz Reki. Sentia-me insegura, não sabia se iria conseguir passar energia, se ele ia gostar. Quando a sessão acabou, ele olhou para o relógio e disse-me que não tinham sido bem trinta minutos. Mas, desde esse primeiro dia, nunca mais faltou e despedia-se sempre com um beijo ou um abraço caloroso e dizia frequentemente que gostava muito de mim. Liguei-me afectivamente a ele e tive pena quando partiu.
Tinha dito a mim própria que quando tal acontecesse, deixaria o voluntariado em Caselas.
A verdade é que, a certa altura, começaram a surgir outras pessoas e passei a ter que ficar mais tempo para corresponder à procura. Algumas dessas pessoas também adoeceram e já não vão ao Centro de Dia tal como a senhora F. que , na primeira vez , se sentia muito nervosa, mas  no fim da sessão me disse que tinha ficado muito calma e com uma grande sensação de bem estar. Essa era como o senhor M., assim que me via, levantava o dedo e dizia de imediato que queria ir e isso aconteceu até ao dia em que deixou de frequentar o Centro por estar gravemente doente.
Agora, tenho a senhora L. que substituiu o senhor M. na pretensão de ser o primeiro. Aliás, quando ainda o senhor M. estava  vivo, batiam-se os dois para ver quem era o primeiro.
A senhora L., tal como o senhor M., adormece assim que começa a sessão. Desde há uns tempos que prefere receber Reiki sentada, mas mesmo sentada adormece. O Reiki não a cura dos efeitos da ciática na sua perna esquerda, mas relaxa-a e fá-la sentir-se bem.
A senhora F. esteve também no primeiro dia, depois do senhor M. Foi fazendo com irregularidade até que, há algum tempo atrás, decidiu que de 15 em 15 dias ia ter uma sessão.
Conversa todo o tempo, mas vem na procura de que o Reiki a ajude nas suas dificuldades físicas. Um dia, surpreendeu-me ao dizer que eu a tinha curado de uma dor que a atormentava na altura. Ela acredita ou diz acreditar que eu e a terapeuta da fala somos peças fundamentais para o seu bem estar.
Seria capaz de deixar estas pessoas? Acho que não.
E termino, afirmando: Só por hoje sou grata por me ser concedida a possibilidade de poder ajudar os outros.
Isabel Antunes