
Entrevista a João Villalobos, autor do livro Terapias, energias e algumas fantasias
João Villalobos é o autor do livro Terapias, energias e algumas fantasias, publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, um escritor com experiência, também com uma perspetiva acutilante e sagaz, que traz um olhar atento sobre as terapias complementares que têm surgido em Portugal, o trabalho com as energias e ainda outras considerações. O autor é também consultor especializado em comunicação institucional e de crise, tento trabalhado com diversas empresas, instituições e personalidades. Antes foi editor de Cultura nos jornais ‘Semanário’, ‘Se7e’ e ‘O Independente’. Um muito obrigado por esta entrevista e pela partilha do livro.
Terapias, energias e algumas fantasias
Começas o livro com uma citação de Gertrude Stein “Não existe a resposta. Não vai existir a resposta. Nunca existiu a resposta. Essa é a resposta”. Será esta a pedra basilar para o tema que apresentas no livro?
Não diria a pedra basilar do livro, mas sim um aviso, para quem nele entra. No meu entender, só abdicando da impossibilidade de olharmos para o universo procurando uma resposta única a todas as perguntas poderemos estar atentos, e despertos, para a diversidade e a singularidade. Por outro lado, é a visão unívoca e incapaz de contraditório a principal responsável pela violência de tom a que assistimos em tudo… No futebol, na política, na religião, etc. Tom esse particularmente sentido nas redes sociais, por exemplo.
O que te levou a escrever sobre este tema?
Como tive ocasião de dizer na apresentação pública do livro, este trabalho surgiu da vontade de abordar um assunto que, quanto a mim, beneficiará de uma audiência mais alargada e de um registo diferente daquele ao qual estávamos habituados. É um texto algo híbrido, entre o ensaio e a reportagem. Contextualiza historicamente fenómenos e crenças, mas partilha também testemunhos e experiências. Espero que o registo com que o escrevi não afugente nem cépticos nem crentes, e que atraia os indecisos.
Como observas o impacto na sociedade que o campo holístico está a gerar?
Não estou certo de entender o que se designa por campo holístico. Se com isso se pretende agrupar as terapias ditas complementares, considero que o impacto é maioritariamente positivo, embora careça ainda de vários passos a dar. Passos esses que estão já a ser dados pela Associação Portuguesa de Reiki mas que deveriam ser alargados a outras terapias e práticas. Um processo de certificação eficaz, por exemplo. E uma obrigatoriedade de os praticantes passarem recibo pelas suas consultas, algo que está longe de ser a prática comum.
Por outro lado, mais metafísico, digamos assim, entendo de longe preferível o discurso daqueles que integram o ‘campo holístico’ ao que é proferido pelos Trumps, Putins ou Kim Jong-uns da vida. O assustador mundo que nos rodeia, política, social e ambientalmente, é aliás a causa de cada vez um maior número de pessoas procurar as terapias complementares, seja como paciente ou praticante.
Achas que existe ainda a cultura do engano consciente, ou seja, que existem más práticas a serem realizadas conscientemente?
Em todas as áreas de actividade existem charlatões que conscientemente vendem gato por lebre. Não acho que esta área seja uma excepção. Para além disso estou em crer que existam muitas outras pessoas que acreditam genuinamente estar a fazer um bom trabalho espiritual mas ignoram que não é o caso. Por falta de prática, de estudo e de conhecimento. Recomendaria, como leitura para quem é praticante de Reiki, o livro ‘Dancing with the Devil As You Channel In The Light – Survival for Healers & Therapists”, de David Ashworth.
Como achas que a saúde pública poderia beneficiar destas terapias e energias?
Compreendendo a sua complementaridade e o efeito redutor da dor e do stress que podem ter junto dos pacientes. Pelo menos no caso do Reiki. Experiências como aquelas que referencio no livro e já foram colocadas em prática em Portugal, em hospitais e nas escolas, bem como outras que estão a ser desenvolvidas entretanto, são também oportunidades que deveriam ser cada vez menos raras para transpor a barreira artificial imposta pelos preconceitos, entre a medicina científica e as terapias complementares.
Qual o teu sonho neste campo?
Neste campo? Talvez ter uma casinha em Glastonbury, com vista para o Chalice Well e o Tor, acompanhado por quem amo. Funcionaria como acolhimento para amigos e não faria nada excepto passear, ler, ver espectáculos e exposições, dormir e comer. E também…vá lá… ir regularmente a consultas diversas com terapeutas de qualidade, para ver se duro pelo menos até aos 80 como me disse uma vez uma sina da balança 😉
João Magalhães
A Associação Portuguesa de Reiki é uma Associação sem fins lucrativos para o apoio a praticantes de Reiki e esclarecimento sobre o Reiki em Portugal.
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