Reflexões sobre bem-estar espiritual de mulheres portadoras de dor crónica
Reflexões sobre bem-estar espiritual de mulheres portadoras de dor crónica

Reflexões sobre bem-estar espiritual de mulheres portadoras de dor crónica

Fabiana Rodrigues Garcia, realizou uma dissertação de mestrado para a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, na qual incluiu o estudo de Reiki, numa reflexão sobre bem-estar espiritual de mulheres portadoras de dor crónica. É galardoada com o Prémio Hayashi de Investigação Reiki, por este trabalho.

Resumo

A Dor Crônica por Afecções Musculoesqueléticas (DCAME) é uma doença que, além de atingir o sistema osteomuscular, principalmente de mulheres da faixa etária entre 45 a 64 anos, frequentemente acarreta desordens psicológicas, sociais e espirituais e é influenciada por elas, podendo ainda desenvolver grande carga de desgosto para os doentes quando não diagnosticada e tratada adequadamente. Assim, dentre os aspectos citados, destaca-se o Bem-Estar Espiritual (BEE) como uma expressão da espiritualidade prática que, embora recentemente abordada em estudos científicos foi, desde o início da humanidade, apontada como uma dimensão importante no processo saúde-doença, por possibilitar, além de outros benefícios, o restabelecimento mais rápido da saúde. Foi neste contexto que se tornou necessário compreender e refletir sobre os significados do BEE que permearam a vivência de mulheres portadoras de DCAME e as formas pelas quais o BEE foi manifestado por esta população, para facilitar o esclarecimento tanto das causas da dor atribuídas por elas quanto das formas de manejo e dos impactos ocasionados pela dor. Desta forma, este estudo, que foi realizado na Clínica de Dor do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (CDHCRP) e conduzido de acordo com as normatizações da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), utilizou-se de abordagem qualitativa. Neste trabalho, após seleção por amostragem por conveniência, 11 sujeitos foram selecionados e entrevistados individualmente numa sala reservada a este fim, sendo um guia à entrevista um roteiro norteador de entrevista semiestruturada com questões fechadas para identificação e delineamento sociodemográfico e questões abertas para a apreensão dos significados de BEE bem como dos conhecimentos acerca das causas, dos impactos e das formas de alívio da dor. Os dados coletados foram gravados em um aparelho de MP3 e transcritos na íntegra para o início da análise dos dados que foi feita por meio da Análise Temática (AT), uma das técnicas da Análise de Conteúdo (AC) e possibilitaram o surgimento de quatro temas: Significados e Manifestações do BEE; Modelos explicativos para a dor; Formas de manejo da doença e Impactos da dor crônica. A partir destes temas, algumas interpretações acerca do BEE puderam ser destacadas. Relatado como um aspecto humano de difícil definição, o BEE pôde ser manifestado de diferentes maneiras. As formas apresentadas foram o bom relacionamento consigo mesmo, com o outro e com Deus, o desenvolvimento de esperança, da confiança, da fé em si e no tratamento que realizaram, o conforto físico, a ocupação, o lazer, o aprendizado e a empatia no contato com o outro. Neste trabalho, algumas causas manifestadas foram as de origem psicossocial, as sobrecargas físicas e comportamentos que perpetuam o problema, além da dor como resposta a um pecado. Destacadas algumas causas, o trabalho apontou para a utilização das preces como coadjuvante do tratamento médico convencional por todas as entrevistadas e da técnica Reiki. Tendo em vista o exposto, a DCAME mesmo impactando de forma negativa na vida das entrevistadas, desenvolvendo inclusive o medo da perda da autonomia e independência, possibilitou a modificação de suas visões de mundo, sendo fonte de descoberta de valores humanos tais como a coragem, a resiliência, a valorização da vida bem como da empatia pelo sofrimento alheio. Em suma, este estudo destacou a importância da DCAME enquanto doença multidimensional que leva o indivíduo a experimentar necessidades espirituais importantes, sendo o incentivo a busca da integralidade no contexto hospitalar para o correto manejo do problema mais do que uma emergência para a saúde pública.
Podem ler este trabalho no site da Associação Portuguesa de Reiki