“Reiki – Guia Para Uma Vida Feliz” é o novo livro de João Magalhães, autor de “O Grande Livro do Reiki”, fundador e presidente da Associação Portuguesa de Reiki. A obra explora em profundidade a filosofia de vida do Reiki, convidando à prática e à descoberta interior.
A filosofia de vida do Reiki é a base sólida a partir da qual se edifica o método desenvolvido por Mikao Usui. Nesta entrevista, o autor guia-nos através da sua experiência pessoal no Japão, que serviu de inspiração ao livro, e revela-nos as ferramentas inéditas que podemos descobrir em “Reiki – Guia Para Uma Vida Feliz”.
1. Como surgiu a ideia para este novo livro dedicado à filosofia de vida do Reiki?
Acredito que esta foi uma semente que sempre esteve aqui no interior, mas começou a efetivar-se no momento em que estávamos a caminhar nos jardins do Palácio Imperial, em Tóquio.
Apesar de já estar a escrever o livro, encontrei a peça chave para todo o conjunto, além de ter tido a confirmação sobre a lógica do tema «a montanha e o bambu». O livro pretende mesmo apoiar todos os praticantes a firmarem a filosofia de vida do Usui Reiki Ryoho.
Ao sentir este apelo, parei, meditei, duvidei, testei – e tudo fez sentido, realmente o trabalho de continuação teria que ser dedicado à filosofia de vida. Este momento de paragem fi-lo em três outros locais – Kamakura, Quioto e Yixing, na China. Foi através da vivência, da prova, que encontrei o sentido.
2. A quem se destina “Reiki – Guia Para Uma Vida Feliz”?
Este guia é para todos os praticantes de Reiki, de qualquer nível e de qualquer sistema. Ele serve como um caminho que percorremos em conjunto, como “O Grande Livro do Reiki”, mas orientado para o aprofundamento da filosofia de vida e para a compreensão dos conceitos orientais sobre o método de cura.
Mesmo que não sejas praticante poderás ler, compreender e usufruir da maior parte dos conteúdos do guia. Compreender «a arte secreta de convidar a felicidade» está ao alcance de cada um.
3. Que novas ferramentas podemos encontrar nesta obra, para a prática do Reiki e da sua filosofia de vida?
O livro está dividido em 17 partes orientadoras, desde a introdução à conclusão. Em cada um destes capítulos estão ferramentas para desenvolvermos a nossa filosofia de vida. Partilho contigo ainda um pequeno «segredo»: no final de cada livro meu, há sempre uma imagem. Tenta descodificar essa imagem.
As ferramentas que mais ressaltam neste livro são a compreensão do que é um método de cura, pois tem a perspetiva da filosofia de vida: os 125 poemas do imperador Meiji, algo inédito pois mandei fazer a tradução do japonês e o resultado é bastante diferente daquele a que estamos habituados; os poemas da Imperatriz Shoken, que trazem também profunda reflexão; práticas para compreendermos a importância dos preceitos e da melhoria do corpo e da mente; ensinamentos do Mestre Usui, Hayashi e Takata, também inéditos; o foco das técnicas no byosen, desintoxicação e fortalecimento da energia; a meditação, com várias técnicas; os valores a desenvolver em cada nível de Reiki, incluindo o trabalho para Mestres de Reiki; e, finalmente, o desenvolvimento do voluntariado, que faz parte da condição do amor incondicional e compaixão que partilharemos com quem mais precisa.
4. De que forma pode a filosofia de vida do Reiki ser o caminho para uma vida feliz?
Só posso mesmo falar pela minha experiência pois encontro no Reiki, no Usui Reiki Ryoho, um caminho de grande sabedoria. No Reiki encontro as minhas limitações, a ignorância que ainda tenho e o esforço a realizar para tentar ser um pouco melhor a cada dia. É isso que me faz ser mais feliz. Tenho pilares que são construtivos e bondosos, não só para mim, mas para todos. É assim que reavaliamos uma filosofia de vida.
Quando nos entregamos, de mente vazia e coração predisposto, com as mãos em Gassho aos princípios, quando os sentimos a ressoar em cada célula do corpo, em cada questão que temos, então compreendemos que este é um caminho que nos leva a uma vida feliz.
A vida feliz é feita a cada momento, tendo nós a consciência que tudo é impermanente.
É essa mesma consciência que nos traz um profundo alívio. É a compreensão da harmonia e equilíbrio que precisamos gerar para que a nossa vida e a dos outros possam ser realmente felizes.
5. Com base na sua experiência, quais são as dificuldades mais comuns na prática da filosofia do Reiki, e como se pode ultrapassá-las?
Podemos encontrar pelo menos três dificuldades comuns:
– Não encontrar sentido nos preceitos e princípios;
– Não colocar em prática o que aprendemos;
– Encontrar as barreiras interiores.
Quando não encontramos sentido no que lemos, precisamos de questionar, praticar na vida diária. Os princípios são a pedra basilar, o fundamento do Reiki. Colocar as mãos para deixar fluir energia sem compreender a profundidade dos ensinamentos do Mestre Usui, é como beber algo de um copo sem saber exatamente o que lá está.
Ao praticares os princípios irás ver os teus obstáculos. Alguns praticantes ficam desiludidos consigo mesmos ou até frustrados por pensarem que já tinham ultrapassado essa etapa. Não há qualquer razão para ficares frustrado ou desiludido, fica é feliz pois encontraste a questão que te impede de avançar.
Quando tomamos a consciência daquela questão, damos-lhe a importância que queremos. Se aplicarmos o quinto princípio, percebemos que afinal o que julgávamos ser uma pedra gigantesca é apenas uma poeira, ou até uma flor que aprendemos a apreciar.
O melhor conselho que te posso dar é o que dou a mim mesmo – sem resistência. Aprender a ser flexível como o bambu, sabendo que tudo é impermanente leva-nos a agir sem esforço. Ser firme como a montanha ajuda-nos a manter a nossa virtude como centro, sabendo que o objetivo de vida a que nos propõe é bom para nós e para todos.
Se te aplicares sem resistência e com diligência, encontrarás mais felicidade, sem dúvida alguma. Os dias podem continuar a ser difíceis, o que te rodeia poderá continuar a ser exigente, mas tu estás firme como uma montanha, flexível como um bambu.
6. No livro descreve alguns aspetos da sua experiência no Japão, como a visita ao Monte Kurama e ao memorial de Mikao Usui. O que mais o marcou nesse percurso?
Apesar de todos os momentos em que estive no Japão com a Sílvia terem sido de profunda felicidade e agradecimento, tive dois momentos muito marcantes. O primeiro foi em Saihoji, onde está o Memorial do Mestre Usui, o segundo em Kamakura.
Estar no memorial do Mestre Usui foi para mim um momento de agradecimento, por todos os ensinamentos, por tudo o que já foi feito e irá ser feito, por poder proporcionar esta experiência a outros e partilhar muito.
Regressei novamente ao memorial antes da nossa partida, esta é também uma prática budista, uma forma de dizer que voltaremos, apenas partimos por um momento. Ao Mestre Usui, sempre um profundo agradecimento!
A segunda experiência, passada em Kamakura, foi uma revisão de vida e uma compreensão dos valores que devo cultivar para o meu crescimento, o que me exige um trabalho árduo e diário.
Recomendo vivamente Kamakura, mas claro que a mim fez-me sentido, a outros poderá não fazer. Foi algo de indescritível pois estaríamos ainda a uns 20 km da cidade e estava já a sentir uma profunda ligação, algo de estranho a descrever mas algo de muito real e profundo… como o Reiki.
7. Quais são, para si, os maiores benefícios de viver a filosofia e os princípios de Reiki?
Ser mais humano, mais consciente e construtivo. Quando encontramos em nós o diamante a polir, compreendemos a importância dos princípios. Eles são simples, são universais e como tal permitem uma verdadeira mudança no comportamento que se adequa a um bem universal, a um bem comum.
Vale a pena praticarmos Reiki, vivermos os princípios, pois também nos ajudam a estar atentos, a compreender a harmonia da vida, levando-nos a querer estar mais em sintonia com a vida.
Um exemplo da grandiosidade e simplicidade da filosofia de vida está no poema 14 do Imperador Meiji, Medicamentos. «Penso que é melhor levar ervas revitalizantes, em vez de olhar para muitos medicamentos para a cura. Precisas de treinar-te mentalmente e usares a tua capacidade de cura, ao invés de dependeres de muitos medicamentos».
Apesar dos princípios e da filosofia serem simples, a prática diária é necessária. Aplica os ensinamentos diariamente, eles não te irão impedir de errar, mas terás uma consciência completamente diferente. É isso mesmo que promove a capacidade de viver uma vida mais feliz.