Em Julho de 2020, o Projeto AGIR da Associação Portuguesa de Reiki, no apoio à pandemia COVID-19, criou um grupo de trabalho para a comunicação compassiva. Este é o primeiro projeto que aqui partilhamos convosco, fruto do trabalho da Andreia, Luis e Susana. Uma associação é um trabalho em equipa, em harmonia, para um bem comum.
O uso da linguagem enraizou-se na cultura humana para comunicar e partilhar informações, mas também como expressão de identidade. Todas as línguas contam com o processo de semiose, que relaciona um sinal com um determinado significado. Línguas faladas e línguas de sinais contêm um sistema fonológico que rege a forma como os sons ou os símbolos visuais são articulados a fim de formar as sequências conhecidas.
As linguagens evoluem e a linguagem visual, os olhos, é a que menos engana. O olhar de uma pessoa pode dizer tanto sobre si – emoções e sentimentos. Os acontecimentos do passado podem moldar o olhar de uma pessoa, mas as emoções do momento têm capacidade para alterar esse olhar instantaneamente mesmo sem a pessoa querer ou ter consciência disso.
É fácil abraçar, apertar as mãos e beijar de olhos fechados. Só por hoje fá-lo de olhos abertos. Se grato por esse sentimento intenso que não imaginavas existir. Confia no que os teus olhos veem.
Nestes dias de confinamento aumentaram as carências de muitas coisas, mas muitas vezes uma troca de olhar simples e sincera pode fazer milagres dentro de ti. Quando foi a última vez que olhaste mesmo nos olhos de outra pessoa? Sim quando foi a última vez que olhaste dentro dos olhos do outro? Mesmo que seja em casa com a tua companheira ou companheiro de uma vida. Faz esse exercício saudável que é olhar e sentir o que os olhos do outro têm para te dizer. Esse olhar pode ser a diferença entre o que sentes e o que o outro te faz sentir. Como te pode transformar, como te leva dum estado emocional para outro.
Neste momento de confinamento, em que a maior parte do tempo, na rua, é só os olhos dos outros que vemos, vamos olhar com atenção e ver o que nos dizem, vamos ser compassivos com todos. Quando alguém se compadece de nós, não está a sentir pena, mas sim a mostrar respeito pela nossa dor, a beleza e o desejo de querer ajudar pura e simplesmente para fazer o bem.
Temos tendência a pensar, que sem falar estamos sozinhos, mas o olhar do outro também nos faz companhia. Não tenhas medo de olhar e ver, porque o que tu vês é aquilo que necessitas e não o que o outro tem para te dizer. Busca em ti o que te faz falta, mas busca também no outro a compaixão. Nós seres humanos precisamos de viver em sociedade, foi assim que evoluímos até chegar ao estado em que estamos hoje. A presença do nosso semelhante é a razão maior, existe algo que nos junta, a necessidade mútua de comunicação inerente ao ser humano.
(Texto de Luis, Imagem de Susana)