Em Março de 2019 iniciou-se o projeto de Reiki no apoio aos utentes da Casa do Alecrim, contanto hoje em dia com quatro voluntárias.
Partilhamos hoje o seu testemunho sobre este projeto tão importante e que faz parte dos grandes valores na prática de Reiki – a saúde mental.
Reiki na Casa do Alecrim, no apoio a pessoas com demência
Testemunho de Cristina Belém, coordenadora do Projeto
O projeto Reiki na Casa do Alecrim iniciou graças a um desafio lançado à Associação Portuguesa de Reiki pela Direção/coordenação da Casa do Alecrim.
Trata-se de um lar e centro de dia da Alzheimer Portugal orientado para pessoas com demência e familiares cuidadores. Depois do desafio lançado e aceite, foi ver o Reiki a juntar-nos, quatro voluntárias, sem acasos e cheias de vontade.
Iniciámos em modo projeto-piloto em março 2019 com disponibilização de sessões para pessoas utentes da casa (em diferentes estadios da doença), familiares e colaboradores. Após recebermos feedback positivo, demos seguimento às sessões durante todo o ano de 2019. Atualmente, e porque a bandeira da APR para 2020 inclui o tema da saúde mental fazia todo o sentido darmos continuidade a este voluntariado.
Como experiência para nós, tem sido um caminhar, em conjunto com todos os envolvidos, muito sentido e por vezes transformador. Levamos connosco desta experiência o coração cheio, lições de vida, e a noção de um cuidar com dignidade e respeito.
A participação do nosso grupo de voluntariado no Seminário Reiki e Saúde Mental para apresentar este trabalho foi um presente bom. Assistimos a apresentações sobre ações extraordinárias que têm sido implementadas na saúde mental com recurso ao Reiki. Sem dúvida ainda há muito caminho a percorrer no que respeita a investigação e a intervenção em saúde com recurso a terapias complementares e integrativas, nomeadamente com Reiki. E é maravilhoso assistir e poder partilhar e contribuir com a APR neste desbravar de caminhos e implementar de iniciativas e de divulgações. Que venham mais iniciativas destas e com esta qualidade
Testemunho de Dora de Deus
Participar mensalmente como voluntária de Reiki na Casa do Alecrim tem sido uma experiência única e muito gratificante. A aplicação regular e continuada de Reiki em pessoas com demência, independentemente do tipo e do estadio da doença, tem resultado benéfica nomeadamente ao nível da redução dos sintomas e da mudança de estados emocionais / energéticos de negativos para positivos.
A escolha das pessoas para a aplicação de Reiki tem sido realizada sob orientação de pessoal técnico da Casa do Alecrim, o que tem sido uma mais valia na definição das prioridades, gestão das condições e pré-disposições gerais para o efeito.
O tempo de aplicação tem variado, mediante a recetividade/necessidade de cada um, entre os 10 e os 20 minutos, atendendo à especificidade do grupo-alvo.
Durante e após a aplicação de Reiki, tem sido possível observar inúmeros benefícios entre os quais:
– Catarse emocional
Num dos casos, ao aplicar Reiki com recurso ao símbolo Seiheki, pude observar no recetor uma transição de estado emocional de apatia para confusão, no qual este entrou em contato profundo com a sua dor emocional, pedindo para se deitar um pouco.
Após 10 minutos, o recetor levantou-se mais tranquilo e leve.
– Agilização do processo de morte
Um dos primeiros casos que me foram atribuídos, tratava-se de um recetor acamado e com resistência em transitar, com estridor e dificuldades respiratórias; olhar vago e sofrido; em situação de extrema vulnerabilidade física. Pediram-me para tentar aliviar o sofrimento em que se encontrava. Inicialmente recorri aos cinco princípios do Reiki e ao símbolo Chokurei. Harmonizei os chakras superiores e os inferiores, com maior incidência no chakra da garganta e cardíaco. Recorri à energização suave do meridiano do pulmão, o que imediatamente acalmou o estado de estridor em que se encontrava, reduzindo o ruído respiratório. Por fim, visualizei um canal de luz branca e terminei a sessão. O recetor ficou imediatamente mais tranquilo e em paz, tendo transitado serenamente umas horas depois.
– Alívio dos sintomas de ansiedade e dor
Os testemunhos do pessoal técnico da Casa do Alecrim sobre o impacto da aplicação desta terapia têm apontado para um alívio dos sintomas de ansiedade e dor, devido ao relaxamento muscular e à harmonização do fluxo de energia.
– Resgatar de sensações positivas
Uma das recetoras encontrava-se numa zona social, sentada em frente a uma mesa, num estado de apatia e de olhar vazio. Após apresentar-me, mostrou-se indiferente à minha presença. Ao sentir a ausência de recetividade, resolvi colocar-me à sua frente, escolhendo passar-lhe Reiki às mãos, joelhos e tornozelos. Aos poucos, observei que o seu olhar começou a mudar. Uma das auxiliares informou-me que no início, quando deu entrada na Casa do Alecrim, a recetora costumava cantar temas de Frank Sinatra, apesar de ultimamente já não cantar. Lembrei-me do tema “New York” e resolvi cantá-lo para ela ouvir. Ficou tão animada, que quis mostrar-me um outro tema, tentando cantá-lo e expressando uma profunda alegria e uma nova energia. Pediu-me para se levantar da cadeira e segurando-me nas mãos, começou a dançar. O corpo parado foi reanimado por um espírito de alegria. Em seguida, chegou um auxiliar que a conduziu para o refeitório. A recetora permaneceu animada e continuou a dançar.
– Melhoria da socialização
Através da interação e pelo reconhecimento do outro.
– Retribuição de afetos
Pude constatar uma tendência para a retribuição de afetos em alguns recetores durante e após a aplicação de Reiki, através do acariciar das minhas mãos ou através de elogios e agradecimentos que me dirigiram.
Testemunho de Isabel Couto
O projeto de Reiki na Casa do Alecrim iniciou graças a um desafio lançado à Cristina Belém, órgão social da APR e pela Direção da Casa do Alecrim. A Casa do Alecrim é um lar e centro de dia, da Alzheimer Portugal, concebido exclusivamente para pessoas com demência e familiares cuidadores. Localiza-se na Alapraia, em Cascais, e é um espaço construído de raiz a pensar nas pessoas com Demência e nas suas características muito próprias.
Esta unidade tem um programa de atividades diversas garantindo a qualidade de vida dos clientes, promovendo a sua autonomia e retardando a progressão da doença. Sendo as sessões de reiki uma delas. Assim, depois de aceite o desafio, iniciámos com imensa vontade, inicialmente com três voluntárias e agora com quatro, pois quis o Reiki que nos juntássemos.
Iniciámos o projeto-piloto em Março de 2019 com disponibilização de sessões de Reiki para pessoas utentes da casa (em diferentes estádios da doença), familiares e colaboradores.
Tivemos vários testemunhos, tais como, um dos utentes depois da sessão de Reiki conseguiu almoçar bem e utilizar os talheres sem ajuda; outros que manifestaram ter sido muito relaxante; outro que após vários dias com agitação e sofrimento, recebeu reiki e teve uma passagem tranquila e com serenidade; ainda outros utentes mais agitados durante e após a sessão de reiki apresentavam-se mais tranquilos.
Uma vez, que o feedback foi muito positivo, continuámos assim as sessões durante todo o ano de 2019.
Em 2020, estando o tema da saúde mental, incluído também, no tema da APR, fazia todo o sentido continuarmos com este projeto de voluntariado.
Tem sido uma experiência bastante enriquecedora e gratificante no nosso desenvolvimento pessoal, social e humano.
Só por hoje somos muito gratas!
Testemunho de Joana Pinhão
O meu nome é Joana Pinhão. Sou membro efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses. Sou Reikiana desde 2002, terapeuta de Reiki desde 2003 e professora independente de Reiki desde 2004, estou inscrita na Associação Portuguesa de Reiki e na Associação Portuguesa de Reiki Essencial, sou curadora com Magnified Healing ® professora credenciada, terapeuta do Sistema Corpo Espelho, faço regressões com Reiki, ensino e aplico técnicas japonesas de Reiki e dou consultas de Reiki, Florais de Saint Germain e de Essências Vibracionais d`água.
Atualmente estou a frequentar Pós-Graduação em Psicogerontologia e estou a fazer formação de Snoezelen. Sou pós-graduada em gestão empresarial, psicóloga das organizações e do trabalho e também sou gestora e auditora de qualidade. Fiz formação em animação sociocultural para idosos, frequentei workshops na Alzheimer Portugal para cuidadores de doentes com demências e fiz o curso intensivo em Psicogerontologia. Em 1998 fiz voluntariado com doentes de saúde mental, enquanto estudante de psicologia.
Em 2005 fiz voluntariado com doentes paliativos de oncologia, no Hospital Curry Cabral Em 2019 comecei a fazer voluntariado como Psicóloga no Serviço de Apoio Domiciliário e voluntária de Reiki no Lar da Casa do Alecrim.
Como é que fui para a casa do Alecrim? Um dia estava a ter formação na Alzheimer de Lisboa e a Dra. Margarida disse que a Casa do Alecrim trabalha com muitos voluntários, no final do curso ofereci-me para fazer voluntariado como psicóloga e como praticante de Reiki. A Dra. Margarida aceitou logo a minha proposta e pediu-me que no dia seguinte levasse os meus CVs convencional e complementar e assim o fiz. No meu meu CV complementar consta que sou associada da Associação Portuguesa de Reiki e como a APR já estava na Casa do Alecrim a Dra. Margarida contatou a Associação e disse que gostava eu integrasse na equipa de Reiki da Casa do Alecrim e assim foi, a Isabel ligou-me, a pedido da Dra. Margarida, e convidou-me para fazer parte da equipa de voluntárias da Associação. Aceitei de imediato, claro, e fui com a Cristina e com a Isabel à Casa do Alecrim. Foi fantástico!
A Casa do Alecrim é uma casa feita a pensar nas pessoas com demência e nas suas características muito próprias, preocupa-se com a promoção da qualidade de vida das pessoas com demência, dos seus familiares cuidadores e com os trabalhadores.
Quando faço voluntariado, na Casa do Alecrim, venho para casa tranquila e com a sensação de missão cumprida. Esta Casa é maravilhosa, as pessoas que nela trabalham são fabulosas e estão sempre sorridentes, todos os dias acontece magia nesta casa. Quando faço Reiki às pessoas com demência o efeito e o agradecimento é imediato, como é que sei? Esboçam um sorriso. No lar há um senhor que não fala mas que mexe com as mãos na cabeça quando lhe ponho as mãos na careca, ele sente a energia passar. Um dia uma senhora, do lar, estava receber a visita do filho e da irmã enquanto recebia Reiki e os familiares disseram-me que a senhora ficou muito mais feliz após ter recebido o meu tratamento. Há tantas histórias destas para contar.
Quando faço voluntariado dou amor e o que recebo é uma dádiva. Sou muito grata por ser voluntária!